Basilio Jafet: “Crescimento do VGV de 5% a 10%”

Durante todo o dia 16/4, no Hilton Hotel, em São Paulo, quase 500 pessoas ligadas ao setor imobiliário, provenientes de diferentes regiões do País, participaram da edição 2019 do Summit Imobiliário Brasil, evento realizado em parceria do Secovi-SP com o jornal “O Estado de S. Paulo”. Além de atualização e conhecimento, os participantes tiveram acesso a qualificado networking.

Na abertura, Francisco Mesquita, diretor-presidente do Estadão, enfatizou a necessidade de aprovar a Nova Previdência. “A retomada econômica não depende unicamente dos empresários”, disse.

Francisco Mesquista, do Estadão, e a retomada econômica

Em seguida, Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP, destacou o ritmo impressionante da difusão das informações e, diante dessa realidade, a necessidade de todos, independentemente da área de atuação profissional, se manterem sempre atualizados. O dirigente disse que o setor imobiliário vai retomar suas atividades dentro do seu potencial se forem adotadas as seguintes medidas: aprovação da Nova Previdência; garantia de segurança jurídica nos negócios imobiliários; e calibragem da Lei de Zoneamento na cidade de São Paulo. “Assim, poderemos ter um crescimento do VGV (Valor Global de Vendas) de 5% a 10%.”

O governador João Doria falou da importância de os empreendedores continuarem trabalhando, independente do cenário econômico. “Desenvolvam seus projetos e apoiem a reforma da Previdência. Só os fracos desistem.” Ele ressaltou a importância de todos se unirem para defender o Brasil e suas famílias. “Lutem pelo futuro do Brasil. Esse pode ser o maior legado do Summit deste ano para todos os presentes.”

Govermador João Doria: “Só os fracos desistem”

Painéis – No primeiro painel do Summit Imobiliário Brasil 2019, especialistas do mercado financeiro trataram da “Política econômica como alavanca da indústria imobiliária (e vice-versa)”. Representantes da Caixa Econômica Federal e da indústria da construção civil e imobiliária trataram, ainda, da inadimplência no financiamento imobiliário, com grande retomada de imóveis, e da necessária união para contornar esse e outros problemas que surgiram neste começo de ano.

Os debates contaram com as opiniões e os conhecimentos de André Perfeito, economista-chefe da Necton, Gustavo Alejo Viviani, diretor de Produtos de Crédito & Recuperações do Santander, Jair Luis Mahl, vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, e Paulo Humberg, fundador e CEO da KeyCash.

Primeiro painel mediado por Mariana Barros

Baixa renda – O segundo painel do evento tratou das “Perspectivas do mercado imobiliário e da habitação de interesse social na visão de investidores nacionais e internacionais”. Eduardo Velucci, diretor presidente da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), Miltom D’Ávila, Head Comercial do segmento imobiliário no Itaú BBA, Paulo Bilyk, CIO da Rio Bravo, e Seth Weintrob, Head Global de Real Estate do Morgan Stanley, debateram a necessidade de o setor público estimular a iniciativa privada a produzir moradia para a população de baixa renda, em larga escala, muito mais do que oferecer subsídios exclusivamente.

Em seguida, o debate tratou dos desafios da construção civil e imobiliária frente às mudanças nas leis de zoneamento. Fernando Chucre, secretário municipal de Desenvolvimento Urbano de São Paulo, adiantou que 80% dos ajustes necessários na legislação urbana da cidade de São Paulo podem ser solucionados por meio da publicação de um decreto.

Segundo painel tratou de moradia para baixa renda

Daniela C. Libório, advogada especialista em Direito público, urbanístico e ambiental, disse que a lei urbanística nasce pasta morrer. “A cidade precisa se transformar e se desenvolver e é ela que dá o direcionamento das mudanças legais.”

Para Larissa Campagner, coordenadora do Comitê Técnico do Conselho de Política Urbana da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), a lei de zoneamento da Capital é recente, “mas regula muito o mercado imobiliário e pouco o poder público”. Para ser efetiva, segundo ela, teria de haver equilíbrio nessa regulação.

O secretário de Estado da Habitação de São Paulo, Flavio Amary, defendeu a necessidade de simplificar os processos de aprovação e desburocratizar o máximo possível. “Mas, é claro, com respeito à preservação ambiental e do patrimônio histórico. A simplificação fomenta a produção e inibe as ocupações irregulares. Nesse sentido, o Estado tem de funcionar como indutor desse debate entre os municípios.”

No terceiro painel, foram debatidas mudanças na lei de zoneamento 

Judicialização – “Insegurança jurídica – obstáculo ao desenvolvimento urbano” foi tema do quarto painel do Summit Imobiliário Brasil 2019. Ely Wertheim, diretor da Luciano Wertheim Empreendimentos Imobiliários, lembrou que muitos compraram imóveis com a expectativa de altos ganhos e devolveram as unidades. “O problema do distrato cresceu e acabou judicializando o setor. O empreendedor quer comprar terrenos, aprovar projetos atendendo as leis, vender e receber por essa venda. Simples!”, ressaltou.

Segurança jurídica foi o tema do quarto painel do Summit Imobiliário

George I. Farath, procurador do Estado, da Assistência e Gestão de Imóveis, e Leonardo Mundim, diretor da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal, foram os outros dois debatedores. “Desde a edição do Código de Defesa do Consumidor, na dúvida, o consumidor tem de ser beneficiado. A lei dos distratos, porém, traz inúmeras vantagens para o comprador, como a previsão de indenização, em caso de atraso na entrega do imóvel”, disse Mundim.

Para Wertheim, deve-se cuidar de quem paga corretamente. “O Estado tem de deixar de ser paternalista.” Na análise do procurador George I. Farath, o contrato tem de distribuir razoavelmente os riscos, para evitar abusos. “Essa lei de distratos tem a vantagem de precificar e desafogar o Judiciário”, disse.

Inovação na construção civil foi debatida no penúltimo painel do evento

No penúltimo painel do Summit, Antonio Serrano, CEO da Juntos Somos +, Marcos A. Cardoso, diretor da Syshaus, e Filipe Ivo, diretor de Novos Negócios da Sunew, debateram inovação e tecnologia na construção. Conforme Serrano, a construção civil movimenta no mundo mais de U$ 1 trilhão. “E a inovação nesse segmento ter surgido das startups.”

O uso da tecnologia orgânica como alternativa ao setor foi destacado por Filipe Ivo. “Apesar de ser muito nova, ela tem potencial altíssimo de baixo custo ou custo marginal zero.”

Último painel tratou da capacidade de os imóveis mudarem vidas

Solidariedade – Encerrando o evento, falaram sobre a capacidade de a habitação transformar vidas Elie Horn, da Cyrela, Alexandre Frankel, da Vitacon, e Wilson Amaral, da Pacaembu Construtora.

“Quero mudar o mundo pela habitação”, disse Frankel. Para Elie Horn, o segredo do sucesso passa por planejamento e coragem de tentar, errar e consertar.

Todos os painéis do Summit Imobiliário 2019 foram mediados pela jornalista Mariana Barros.

O Estadão vai publicar caderno especial sobre o evento e, no Flickr do Secovi-SP, é possível conferir as fotos.