Ofinal do mês de maio foi fértil em notícias que podem determinar atendência do crédito imobiliário no país neste e no próximo ano.

A Abecip (Associação Brasileira das Entidades deCrédito Imobiliário e Poupança) anunciou que de janeiro a abril apoupança financiou mais de 78 mil unidades com a contratação de R$ 8,3bilhões, contra aproximadamente 74 mil unidades e R$ 7,5 bilhões emigual período de 2008. O acumulado dos últimos 12 meses (maio de 2008 aabril de 2009) continua excepcional, com o financiamento de 304 milunidades e R$ 30,8 bilhões.

A Caixa Econômica Federal,em 21 de maio, durante a abertura do 5º Feirão de Imóveis de São Pauloanunciou que a instituição contratara, até 18 de maio, R$ 11,5 bilhões,o que leva a crer que o banco poderá alcançar R$ 30 bilhões emcontratações com recursos da poupança e do FGTS este ano, contra R$ 22,5bilhões em 2008.

O governo Federal, após longo períodode especulações, anunciou que pretende propor modificações na cadernetade poupança, a serem encaminhadas ao Congresso Nacional me breve, paravigorar a partir de 2010.

Apesar de positivos, nãoposso deixar de questionar tais fatos.

O período maisvigoroso de crédito imobiliário do SBPE no ano passado foi de junho asetembro, quando se contrataram financiamentos de 131 mil unidades, comaplicação de R$ 13 bilhões. Isso significa 67% de acréscimo em unidadese 56% em valores, comparativamente ao 1º quadrimestre de 2009. Será queneste ano a tendência se repetirá dentro de um novo patamar do mercadoimobiliário pós-crise?

Especula-se que a Caixa poderáfinanciar, este ano, aproximadamente R$ 30 bilhões. Nada mal, já que ainstituição financeira registrava em seu balanço de março um saldo deoperações habitacionais um pouco acima de R$ 49 bilhões. Neste casopergunto: Será bom para o País a Caixa aumentar seu market share paramais de 50% das operações imobiliárias? A instituição está preparada emtermos de tecnologia e recursos humanos para suportar este crescimentovertiginoso?

E os financiamentos originados pelapoupança? Como se comportarão a partir de 2010?

Ogoverno se preocupou legitimamente em não prejudicar, a partir de 2010,99% dos pequenos poupadores com economias de até R$ 50 mil em suascontas. Porém, 1% restante de poupadores detém 40% de todo o saldo dacaderneta. Eles migrarão para outros ativos ou ficarão satisfeitos emmanter suas contas de poupança?

Se a tendência negativade incremento de saldos da poupança se consolidar, o mercado imobiliárioterá outras fontes capazes de substituir os 65% de recursosdirecionados?

Percebe-se que as mesmas notícias podemser boas ou más. Isso depende exclusivamente do ponto de vista daqueleque vê.

Aqui no Brasil, estamos habituados com a máxima?falem mal, mas falem de mim?.

O mercado imobiliárionão concorda com esse aforismo, porque o segmento é muito mais lembradoquando passa por crises. Mesmo em tempos bicudos, há sempre algumanalista de plantão para criticar.

Como qualquer outraatividade produtiva, a construção civil e imobiliária sofre com asoscilações econômicas e depende de uma série de fatores para o seusucesso. Ela deve ser tratada com a importância devida e alguns mitosdevem ser derrubados.

De forma bastante simplificada, omercado gera empregos diretos e indiretos, impulsiona a economia do paíse, mais importante, exerce preponderante papel social. Então porque sóressaltar seus períodos de dificuldades?

A construçãocivil e imobiliária do Brasil sofreu infinitamente menos que o restantedo mundo. No entanto, pouco se fala a respeito.

Souotimista quanto ao rumo do setor nos próximos anos. E, particularmentesobre este ano, acredito que retomaremos, com equilíbrio, um período decrescimento sustentado. Vamos esperar para ver.