O programa Secovi-SP Debate recebeu, no dia 24/7, o empresário Lívio Giosa, que discutiu com o presidente da entidade, Flavio Amary, questões relacionadas a cenário político, quebra de expectativas com relação à retomada da economia, mercado de trabalho, reforma trabalhista, terceirização e eleições, dentre outros assuntos.
Segundo Giosa, até o ano passado, havia uma percepção de que a política se descolava da economia e os bons ventos poderiam trazer uma expectativa de evolução do PIB em 2018. “Mas agora vivemos uma situação delicada, e a sensação é de que nossa economia está muito frágil. Isso foi demonstrado durante greve dos caminhoneiros, quando houve um ponto de ruptura”, disse.
“Se a economia impõe dificuldades de planejar crescimento e investimento, o empresário olha o cenário e pensa: qual é a alternativa? Não tendo alternativa, surgem as dificuldades”, afirmou Giosa, comentando que, em recente reunião no consulado da Espanha, empresários que já atuam no Brasil e outros que pretendem investir aqui disseram que estão observando, que têm a intenção de investir, mas que, enquanto houver nebulosidade política, vão aguardar. “Não deixarão de planejar, mas vão esperar que passe a eleição.”
Amary lembrou que isto ocorre em todos os processos eleitorais de países com características similares às do Brasil, em que a interferência de um novo governo traz instabilidade para a economia. “Esperávamos uma recuperação para este ano. Era até provável que acontecesse este cenário de incertezas, de postergação de decisões. O problema é que já vínhamos de uma necessidade represada de crescer, de contratar, de investir, de comprar, de vender, e não estamos conseguindo. A situação atual está trazendo consequências negativas para a economia e o setor imobiliário. Continuamos precisando de um ambiente positivo.”
Reforma trabalhista – Para Giosa, no ano passado, com a aprovação da lei da terceirização e da reforma trabalhista, houve uma certa oxigenação nessa discussão e a oportunidade de aflorar novas perspectivas de crescimento. No caso da terceirização, disse que, do lado da prestadora de serviços, houve um claro avanço, porque, com a lei – prevendo que as atividades-meio possam ser terceirizadas –, as empresas alargaram seu portifólio, passando a contratar profissionais mais especializados em várias categorias.
O empresário acredita que os candidatos à Presidência da República vão precisar ter mais cuidado ao discutir a reforma trabalhista, já que existem aqueles que pretendem modificá-la ou até mesmo revogá-la. “Há tantos temas a discutir, como a redução do tamanho do Estado, a reforma política, dentre outros.”
Para Lívio Giosa, estamos passando por um processo e temos de enxergar o Brasil do alto. A tendência natural é que, nos próximos 70 dias, com a consolidação das candidaturas, tenhamos um cenário mais fácil de vislumbrar. Novas perspectivas virão. Acho que estamos muito ansiosos”, disse, acrescentando a necessidade de ‘arrumar a casa’, olhar para o umbigo do País e ajustar as contas públicas. “É uma tarefa árdua.”
Caberá à sociedade organizada, segundo ele, pressionar o Legislativo e o Executivo, estaduais e federal, a se comprometerem com políticas públicas voltadas à geração de trabalho e renda. “É possível, por meio do diálogo, planejar o futuro do País. Estamos a 70 dias das eleições e não se tem planos de governo formalizados. Precisamos de propostas que gerem resultados.”
Confira a íntegra do programa, no qual foram discutidos ainda o futuro do trabalho, o surgimento de novas profissões e consequente necessidade de novas capacitações e competências, entre outros assuntos.
Mediado pela jornalista Denise Campos de Toledo, o Secovi-SP Debate é exibido ao vivo, semanalmente, pelo Facebook e fica disponível no YouTube .