“Transformação da região central começou e não tem mais volta”, afirma Cesar Azevedo

A SP Urbanismo, empresa pública da prefeitura de São Paulo, cuja missão é auxiliar no planejamento urbano da cidade, está empenhada no processo de regeneração do centro da Capital. De acordo com seu presidente, Cesar Azevedo, “a transformação da região central começou e não tem mais volta”.

Dentre várias ações, Azevedo pontua requalificação de praças, reforma de calçadões e mais segurança. “O maior plano urbanístico para esse território, o PIU Setor Central, foi aprovado nesta gestão. Prédios antigos estão sendo reformados graças ao Programa Requalifica Centro, de incentivo para o retrofit. É uma série de intervenções que vai reescrever a história do centro”, completa.

“Atrair moradores para a região central é outra diretriz”, destaca, lembrando que, além do retrofit, há o programa habitacional Pode Entrar para impulsionar esse movimento. “Somente com a chegada de mais moradores, novos investimentos e mais negócios vamos conseguir devolver vida à região central e resgatar seu dinamismo e importância para São Paulo.”

Azevedo considera que a vontade política é o principal combustível para que esses projetos possam acontecer. Ainda, a parceria entre governos municipal e estadual, bem como um trabalho conjunto com as entidades, universidades e iniciativa privada. “Para que a gente consiga construir soluções que realmente mudem a realidade de vida das pessoas, precisamos da participação, do engajamento e da motivação da sociedade civil.”

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Em entrevista ao Secovi-SP, o presidente da São Paulo Urbanismo, Cesar Azevedo, fala sobre medidas para o desenvolvimento urbano da capital paulista e das ações necessárias para resgatar o centro da cidade. Acompanhe:

Quais são os propósitos da São Paulo Urbanismo e seu papel no processo de requalificação e desenvolvimento da cidade?

A SP Urbanismo é uma empresa pública da prefeitura de São Paulo e tem como missão auxiliar no planejamento urbano da cidade. Temos um time de arquitetos, engenheiros, economistas, advogados, administradores que nos ajuda a projetar do ponto de vista urbanístico o futuro da cidade, o crescimento de São Paulo

No escopo de suas atividades, poderia destacar as realizações mais significativas para a cidade?

A SP Urbanismo atua em diferentes escalas do planejamento urbano. Por exemplo, nós somos responsáveis por planejar e monitorar ações urbanísticas complexas como as Operações Urbanas e os PIUs. Veja a transformação que aconteceu na região da Faria Lima. Na década de 90 aquele território era totalmente degradado, vulnerável e economicamente esquecido. Depois da Operação Urbana Faria Lima, aquela área tem um dos metros quadrados mais caros da cidade. Mas a SP Urbanismo também atua em estratégias pontuais. Nós elaboramos os projetos de requalificação do Vale do Anhangabaú e da Esquina Histórica nas Avenidas Ipiranga e São João. É o que conhecemos como acupuntura urbana. Fizemos a ponte Estaiada. Também projetamos a reforma dos calçadões do centro, em obra agora, e os planos de ação para melhorar a qualidade de vida em bairros ou distritos.

Atualmente quais são os principais projetos em andamento?

Temos uma lista extensa de projetos em andamento, mas podemos destacar a elaboração do projeto de um grande boulevard na Avenida Juscelino Kubitschek. Estamos desenvolvendo um projeto de revitalização do Largo 13, em Santo Amaro. Nas próximas semanas, vamos entregar à cidade o Belvedere Roosevelt, que será mais um espaço de lazer na região central.

Na visão da SP Urbanismo é possível melhorar as condições do centro de São Paulo? Quais são os pontos de atenção prioritários?

A SP Urbanismo tem certeza que é possível melhorar e é importante dizer que recuperar o centro é uma prioridade da gestão do prefeito Ricardo Nunes. Eu diria que isso já está acontecendo. A pandemia agravou a situação do centro, mas essa transformação começou. A região da Praça Princesa Isabel foi requalificada e virou outro espaço. A Praça da Sé está de volta aos paulistanos. A reforma dos calçadões do centro já começou. A ação conjunta da Prefeitura e do Governo do Estado tem trazido mais policiamento e segurança para a região. O maior plano urbanístico para esse território, o PIU Setor Central, foi aprovado nesta gestão. Prédios antigos estão sendo reformados graças ao Programa Requalifica Centro, de incentivo para o retrofit. Temos ainda o Vale do Anhangabaú novo, o Parque Augusta Bruno Covas, o Minhocão como espaço de lazer aos finais de semana. É uma série de intervenções que vai reescrever a história do centro.

Como você vê o potencial de utilização e como pode ocorrer a ocupação de um território com ampla infraestrutura urbana instalada mas que está subutilizada?

A infraestrutura existe, como a boa oferta de transporte e emprego, e isso facilita esse processo e requalificação. Uma transformação dessa grandeza passa por identificar as vocações desse território, seja do ponto de vista de emprego, de comércio, de moradia e lazer. A concessão do Terraço do Edifício Martinelli, um dos prédios mais icônicos da cidade, por exemplo, se insere nesse contexto de ativação de atividades culturais no centro histórico. Acredito que ele poderá ser um dos carros chefes da requalificação do território. Atrair moradores para a região central é outra diretriz e temos aí o programa de retrofit e o programa habitacional Pode Entrar, para impulsionar esse movimento.

A SP Urbanismo possui projetos próprios ou está engajada em ações de terceiros para a recuperação do centro?

Temos projetos próprios, mas também estamos trabalhando em parceria com diversos atores para conseguir transformar a realidade do centro de São Paulo, reescrever uma nova história para o centro. Até décadas atrás, o centro era o local mais frequentado e cobiçado na cidade. Com o tempo, ele começou a ser esvaziado e entrou em decadência. Hoje nós trabalhamos para que haja a requalificação dos espaços públicos e para que esse território volte a ser um lugar seguro, dinâmico, democrático. E, sim, a SP Urbanismo faz parte disso, assim como a secretaria de assistência social, a secretaria de subprefeituras, as forças de segurança pública, o governo do estado, a saúde. É uma série de atores trabalhando juntos para que essa transformação aconteça. A SP Urbanismo, por exemplo, ajuda a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social a projetar as vilas do Programa Reencontro, onde são instaladas residências transitórias para famílias em situação de rua.

É possível traçar uma perspectiva quanto à materialidade desses projetos? A seu ver, quais são os maiores entraves e como superá-los?

O principal combustível para que esses projetos possam ser executados é a vontade política e a coragem que a atual gestão da cidade de São Paulo tem tido de enfrentar essa realidade. Passamos por várias gestões onde houve inúmeras tentativas, mas agora estamos conseguindo ter esses instrumentos implementados no centro para que a gente possa ter uma nova realidade. Equacionar a questão do centro é um processo a médio e longo prazos. Exige persistência, dedicação e articulação política para unir todos os atores importantíssimos para o sucesso dessa ação. Para que a gente consiga chegar ao final da rua, é preciso um passo por vez. Os primeiros passos foram dados. Acredito que a transformação da região central começou e não tem mais volta.

A parceria entre prefeitura e governo poderá incentivar e acelerar a recuperação do centro?

Na verdade, se não houver a parceria entre o governo do estado e a Prefeitura de São Paulo essa transformação acaba sendo difícil. E a gente vê que essa parceria existe. Eu acabei de mencionar aqui muitas ações em conjunto que estão em curso.

Qual a relevância da participação do setor privado no processo de requalificação do centro?

Se não tivermos a parceria da sociedade civil, um trabalho conjunto com as entidades, universidades e iniciativa privada, esse processo acaba sendo incompleto. Então para que a gente consiga construir soluções que realmente mudem a realidade de vida das pessoas, precisamos da participação, do engajamento e da motivação da sociedade civil.

Na sua visão, o que a transformação do centro significará para as pessoas? Prevê maior aproveitamento da região com mais habitação, comércio, serviços, cultura e lazer? 

Na verdade, a transformação depende de tudo isso para dar certo. Somente com a chegada de mais moradores, novos investimentos e mais negócios vamos conseguir devolver vida à região central e resgatar seu dinamismo e importância para São Paulo.