Palestra sobre “Cem anos da história da hotelaria no centro de São Paulo”, ministrada pelo consultor Caio Calfat, vice-presidente de Assuntos Turísticos e Imobiliários do Secovi-SP, marcou a aula inaugural do inédito curso Desenvolvimento e Planejamento Hoteleiro, iniciativa da Universidade Secovi e da vice-presidência conduzida por Calfat.

A apresentação foi realizada na noite da última terça-feira, 16/4, na Universidade Secovi e contou com a presença do coordenador do curso David Luch, alunos e instrutores como Diogo Canteras, Lara Teixeira, Ernani Cervo, Paolo Figueiredo e Paulo Mélega.

Ao traçar um paralelo sobre a evolução urbana e arquitetônica, turística e sócio-político-econômica no século XIX, Calfat mostrou os aspectos históricos do setor hoteleiro no centro da capital paulista.

“Com o crescimento da cidade, muitos hotéis foram criados no triângulo central, localizados próximos à Faculdade de Direito (no Largo São Francisco) e das estações ferroviárias”, contou Calfat, lembrando que 1854 surgiram os primeiros meios de hospedagem como os pioneiros Quatro Estações, Palm e, em 1878, o Grande Hotel, considerado o melhor do Brasil na época.

“O edifício de três andares na rua São Bento, que hospedou figuras ilustres como o príncipe Henrique da Prússia, acabou demolido em 1964 para a construção de um conjunto comercial”, revelou o especialista. Também mencionou a instalação da Hospedaria dos Imigrantes, inicialmente no bairro do Bom Retiro, mas, por causa de uma epidemia de gripe e varíola na região, obrigou a construção de um outro prédio próximo da estação do Brás e que hoje abriga o Museu do Imigrante.

Expansão e degradação do Centro – Calfat, que também é consultor hoteleiro, destacou a construção do Viaduto do Chá, em 1892 – em sua primeira versão, de estrutura metálica -, e do Teatro Municipal como marcos para a expansão da região. “O Centro Novo se tornou o ponto elegante da cidade”, destacou o consultor, chamando a atenção para o crescimento vertiginoso verificado nos primeiros anos do século XX. “Em 1890, a cidade contava com cerca de 65 mil habitantes e, em 1900, esse número saltou para 240 mil habitantes.”

Ele lembrou que, justamente nesse período, destacaram-se os projetos do arquiteto Ramos de Azevedo: São Paulo Center Hotel, Hotel Atlântico e Hotel Central. No entanto, os anos dourados vividos pela hotelaria paulistana aconteceram na década de 20 com a inauguração do Terminus (1921) e Esplanada (1923), considerado o principal hotel da cidade por mais 30 anos. Até que, em 1957, o hotel acabou fechado e o prédio adquirido pelo Grupo Votorantim. Em breve, deve abrigar uma secretaria do governo estadual ainda este ano.

Novos conceitos – Calfat falou ainda da inauguração de hotéis emblemáticos nas décadas de 60 e 70 como Othon Palace, Danúbio, Normandie, Bourbon, Cad’Oro e Hilton, o primeiro hotel internacional do País. “O Hilton foi o primeiro hotel com lavanderia interna e estacionamento, trazendo novos conceitos à hotelaria brasileira”, destacou Calfat, salientando que, neste período, aconteceu a migração dos hotéis do centro – já degradado – para a região da avenida Paulista e outras áreas da cidade como Faria Lima e Berrini.

Alguns hotéis, como o Marabá e San Raphael ainda resistem, mas o centro da Capital carece de novos empreendimentos hoteleiros, disse Calfat, esperançoso de que isso possa acontecer, inclusive, com a reurbanização e rehabitação da região.

“São Paulo passou de 95 hotéis e 8.204 apartamentos no início de 1980 para 410 hotéis e cerca de 42 mil quartos em toda cidade”, informou o consultor. Ao final do evento, ele coordenou a visita técnica ao Novotel Jaraguá, um dos poucos ainda em funcionamento no centro. Inaugurado em 1954, o Jaraguá permaneceu fechado por alguns anos e foi reaberto em 2004.

Curso Desenvolvimento e Planejamento Hoteleiro – Com carga horária de 64 horas/aula e contando com alguns dos principais representantes e professores do setor hoteleiro brasileiro, as aulas serão ministradas às terças e quintas-feiras, das 18 às 22 horas, até o dia 13/6, na Universidade Secovi. “Para criar um parque hoteleiro moderno e diversificado, o Brasil precisa formar novos especialistas que possam conduzir futuros projetos, com os seguintes objetivos: elaborar e estruturar um conceito ideal com base nas características do mercado; analisar a viabilidade econômica, ajustando o produto quando necessário; buscar investidores ou fontes de financiamento; detalhar o projeto físico e operacional, e construir e implantar o empreendimento”, enumera Caio Calfat.

Informações sobre novas turmas: (11) 5591-1306 ou universidade@secovi.com.br.