O cineasta Arnaldo Jabor encerrou a edição 2008 doEnacon com a palestra ?Condomínio Brasil?. Para uma platéia atenta ecuriosa, Jabor falou com inteligência e ironia sobre a trajetóriapolítica do Brasil.

Ele contou que por ser expectadorinteressado, percebia uma grande falta de consciência crítica há 30anos. Hoje, ele vê a sociedade de forma empreendedora, responsável, e jáconsciente de que o cidadão é mais importante do que o Estado. ?O Brasilestá mais progressista e cresceu política e psicologicamente, mas aindacarrega características colonizadoras, como a burocracia, a corrupção, osalvacionismo e o individualismo.
Quando o Estado manda, valoriza-seo fracasso e leva-se à depressão, impotência, incapacidade e pessimismoe, conseqüentemente, à tolerância.?

A mudança percebidapor Jabor deve-se, conforme sua opinião, à espantosa evolução datecnologia. ?A digitalização mudou o Brasil. Somos mais rápidos einformados?, destacou.

Para ele, nos últimos 20 anos opaís desenvolveu a fome de Democracia e de República. ?Com a eleição deFernando Collor de Melo, todos os nossos vícios ficaram à mostra. Erapreciso ordem, ética, limites para o poder público, leis quefuncionassem. O impeachment despertou a consciência difusa que o paísprecisava se organizar?, analisou.

Jabor considera queo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conseguiu unir essas duas?fomes? e trazer o progresso para o país. ?Ele difundiu a idéia de que opossível é mais importante do que a utopia. O governo atual se valedessa herança bendita, da liquidez internacional e da sorte.?

O momento atual de crise global é motivo para suspense,conforme Jabor, mas também para otimismo. ?Vai nos afetar, mas não tantocomo imaginávamos. Com maior consciência, caminhamos para a mudançareal?, concluiu.