Ricardo Paixão Barbosa

O mundo dos negócios costuma tomar emprestado termos da física para descrever situações. A resiliência – capacidade de um objeto sofrer um impacto e voltar ao seu estado original –  é uma destas expressões, muito utilizada para ilustrar como empresas podem se manter em uma crise.

O mercado imobiliário experimenta um bônus resultante de uma série de fatores e é comum, ultimamente, ouvir falar na sua resiliência diante da pandemia. Porém, ao acompanhar o Rede Show, evento dirigido especialmente a imobiliárias e corretores, pudemos notar que o termo mais correto para descrever o momento do nosso setor é ‘antifrágil’.

Esta expressão, cunhada por Nassim Taleb, autor de livro com o mesmo nome, representa muito mais do que ter a capacidade de voltar ao estado original, como na resiliência. Ser antifrágil significa sair ainda melhor de situações inesperadas ou adversas.

Tal noção ficou muito clara para quem participou do Rede Show, realizado dia 3/12 pela Rede Imobiliária Secovi-SP (RIS). O evento nos trouxe um horizonte promissor, mas acompanhado por um otimismo contido, haja vista incertezas mundiais e locais, além de experiências de retomada passadas.

Dentre tudo o que se ouviu e discutiu, consideramos importante compartilhar os aprendizados recebidos com base em três perspectivas, as quais reforçam que ventos favoráveis em 2021 podem conduzir à retomada madura e sustentável do mercado de intermediação imobiliária. São elas: econômica, comportamental e transformação digital.

A tecnologia não para de avançar, as pessoas não param de evoluir e as empresas querem estar prontas para atender com máxima excelência

Econômica: Com sua costumeira habilidade de se distanciar do calor do momento, o renomado economista Eduardo Giannetti reconhece uma conjuntura muito otimista para o setor. Todavia, alerta que a situação favorável pode não durar para sempre e que é necessário recordar outros momentos de euforia para que a tomada de decisão não venha carregada de erros do passado.

Comportamental: A pandemia impulsionou mudanças de atitude importantes que impactam trabalho e moradia. A proteção que a casa proporciona, a dinâmica urbana e a forma como as pessoas vivem, trabalham e se deslocam são questionadas. Embora não saibamos ainda qual o resultado de toda esta movimentação, existe uma certeza: o protagonismo de empresas e profissionais imobiliários que ajudam na tomada de decisão que define uma compra, venda ou locação é fundamental, o que eleva sua decisiva importância e responsabilidade no momento que vivemos e que vamos viver.

Transformação digital: É notório que o mercado imobiliário demora em adotar inovações, sobretudo no campo digital. Entretanto, a situação atual conduziu à intensa adoção de tecnologia pelas empresas, caracterizando surpreendente evolução. E parece que as imobiliárias se empolgaram. Perceberam a importância de adotar ferramentas, dados e novos modelos de negócio. E o modelo que toma corpo é o híbrido, ou phygital (mistura de físico com digital), em que os profissionais imobiliários focam no relacionamento, e a tecnologia ajuda a trazer uma experiência mais fluida, veloz e precisa ao consumidor.

Isso tudo mostra que o Rede Show 2020 terminou, mas não acabou. As discussões se estenderão, porque a tecnologia não para de avançar, as pessoas não param de evoluir e as empresas querem estar prontas para atender com máxima excelência.

Ricardo Paixão Barbosa, vice-presidente da RIS e chairman do Rede Show 2020