Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP

Os impactos dos critérios ESG (Environmental, Social and Governance) no mercado imobiliário foram apresentados por especialistas durante o concorrido VII Encontro de Construtores e Incorporadores realizado no dia 29 de junho pelo Secovi-SP, por meio de sua vice-presidência de Tecnologia e Sustentabilidade, e o SindusCon-SP.

Totalmente on-line, o evento ofereceu aos mais de 300 participantes conhecimento de qualidade que, certamente, servirá para que os empreendedores coloquem em prática nos seus ambientes corporativos os critérios de cada uma das letras “ESG” e alcancem excelência na gestão estratégica de seus negócios.

Medidas de conservação ambiental e outras relacionadas à responsabilidade social e governança fazem parte da gestão de empresas que buscam o desenvolvimento sustentável.

Os critérios ESG, que têm engajado o mundo dos negócios e atraído investidores, reforçam a importância de se tratar estrategicamente o tema, com vistas a ampliar a competitividade empresarial.

Dois pés no futuro – Na abertura do evento, o presidente do Secovi-SP, Basilio Jafet, enfatizou: “Ou fazemos parte do futuro, ou não teremos futuro. Isso resume a nossa atividade. Temos de fazer tudo da melhor forma possível”.

Ele ressaltou a sinergia entre o Sindicato e o SindusCon-SP, bem como a importância de se realizar eventos como o VII Encontro, cujo objetivo é inserir as empresas nesse futuro.

Odair Senra, presidente do SindusCon-SP 

“Durante 150 anos, falou-se que o objetivo primeiro de uma empresa eram os dividendos para seus acionistas. Agora, o papel da empresa é muito mais amplo. Temos de produzir para as cidades, as pessoas e o meio ambiente. Nesse sentido, o ESG vai mudar nossas vidas”, disse o presidente do Secovi-SP, acrescentando que as empresas têm a opção de manterem as condições do século passado. “Mas isso não vai dar certo”, enfatizou.

Odair Senra, presidente do SindusCon-SP, disse, também na abertura, que a via ESG é de extrema importância para as empresas de construção e incorporação. “E esse evento nos dá a oportunidade de sairmos com um pouco mais de conhecimento dessa ferramenta”, disse.

Ambiental – Ana Rocha, da proActive, iniciou sua palestra explicando o surgimento da sigla ESG, que foi cunhada em 2005, mas se tornou sólida somente em 2019, a partir do engajamento de grandes empresas e a assinatura da Declaração de Propósito, com priorização do desenvolvimento sustentável e da responsabilidade social corporativa.

“A cultura ESG não é nova, mas tem se tornado cobiçada no mundo corporativo nos últimos dois anos. Ela está sendo levada para os canteiros de obras, com a mitigação dos resíduos e a incorporação do conceito de economia circular”, destacou.

Ana Rocha, da proActive

De acordo com ela, o setor imobiliário tem o compromisso gigantesco de desenvolver a letra “E” na cadeia de produção, a partir da proteção dos recursos naturais, controle da poluição, diminuição e tratamento dos resíduos e das emissões de gases estufa, mitigação do consumo de água e de energia e utilização de fontes renováveis. “Tudo começa nos projetos, que devem proporcionar eficiência dos recursos na fase de uso do edifício”, destacou a representante da proActive.

De acordo com ela, ESG é uma cultura, uma filosofia. “Significa proteger os recursos naturais, respeitar os recursos humanos, ter transparência e compliance. ESG é business. Não é filantropia”, concluiu.

Social – Aron Zylberman, do Instituto Cyrela, contou uma história rápida, mas altamente significativa. Quando trabalhava na Cosipa, no dia 7 de julho de 1977, o então novo presidente Plínio Oswaldo Assmann convocou todos os engenheiros para uma reunião de apresentação, na qual deixou uma lição inesquecível e para a vida toda. “Assmann recomendou que visitássemos o banheiro de uma corporação ou obra, e se esse local estiver limpo e asseado, retratará o respeito que a empresa tem pelas pessoas. E o S, da sigla ESG, é como tratamos os outros.”

Aron Zylberman, do Instituto Cyrela

Para Zylberman, as empresas são corresponsáveis com a vida de seus funcionários e não devem ser coniventes com práticas socioambientais condenáveis. “É preciso deixar claro que não há nada de errado em se ganhar dinheiro. O erro está na forma como se ganha dinheiro, como tratamos as pessoas e o planeta”, destacou.

Além de ser um caminho sem volta, a cultura ESG é uma via lucrativa. “Os fundos de investimentos impulsionam as empresas a adotarem os critérios ESG. Tratar bem o planeta e as pessoas é um bom negócio”, disse.

Em sua conclusão, Zylberman destacou a importância de as empresas decidirem se abraçarão a cultura ESG, seja por convicção ou por conveniência, sob o risco de fecharem as portas definitivamente. “ESG é ter lucidez empresarial. Quem não se engajar, vai ficar de fora e vai quebrar. Ela significa a sobrevivência do negócio, além de ser o certo a ser feito.”

Governança – Governança como decisão consciente para o negócio foi o tema da palestra de Carlos Borges, da Tarjab, que também é vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do Secovi-SP.

Carlos Borges, da Tarjab e também vice-presidente do Secovi-SP

Para Borges, a cultura ESG é possível de ser adotada por construtoras e incorporadoras de pequeno e médio portes. “Das empresas ligadas à construção civil, 90% têm menos de 20 funcionários. Para elas, governança é uma palavra abstrata, assim como sustentabilidade”, destacou.

Contudo, governança é a linha mestra de uma política consistente de ESG e de deve ser tratada como propulsora dessa política. Mas antes, é preciso entender corretamente os seus conceitos. “O tempo todo fazemos reflexões sobre o que agrega valor ao nosso negócio. E cada empresa tem questões muito particulares para responder. Na Tarjab, adotamos a política de tolerância zero à corrupção”, contou.

Para ele, o momento atual é de mudanças rápidas no mercado imobiliário, exigindo ações diferenciadas.

Case – Fábio Villas Boas, da Tecnisa, apresentou a experiência da empresa, na qual é vice-presidente Institucional.

Fábio Villas Boas, da Tecnisa

Na Tecnisa, cujo slogan é “Mais construtora por m2”, as questões ambientais, sociais e de governança são tratadas há muito tempo e, neste momento, apoiada por uma consultoria especializada, a empresa está alinhando suas práticas para atender aos critérios ESG. O primeiro passo foi uma avaliação diagnóstica e a formação de comitês para tratarem do tema.

Até se chegar à adoção da cultura ESG, as empresas podem buscar as certificações da qualidade, conforme explicação de Villas Boas. “No entanto, elas só valem se forem utilizadas como ferramentas de gestão. Se não for assim, melhor nem fazer”, recomendou.

Também foram apresentadas diversas práticas adotadas pela Tecnisa, destacando-se o cuidado com o social, como programas de capacitação educacional (alfabetização), inclusão digital e formação técnica. “Promovemos ações para melhorar a vida dos nossos colaboradores. Durante a pandemia, por exemplo, oferecemos suporte psicológico”, disse Villas Boas.

Roberta Bigucci, da MBigucci

Olhar para o horizonte – Roberta Bigucci, da MBigucci, coordenou os debates finais do evento e deixou o seu recado: “Agora, temos de aprender a sistematizar e comunicar corretamente”.

O VII Encontro de Construtores e Incorporadores teve o patrocínio da Atlas Schindler (Diamante), e da Comgas e Gerdau (Ouro).

 

Acompanhe a íntegra do VII Encontro de Construtores e Incorporadores.