Eduardo Tomazelli, da KPMG

A KPMG realizou um levantamento analisando os quatro padrões de retomada dos 40 principais setores da economia brasileira, após um ano de início da pandemia por covid-19.

Segundo o estudo, o setor imobiliário manteve-se no estágio “de transformar para reemergir”, indicando que as empresas do mercado deverão se recuperar após um longo caminho, exigindo reservas de capital para resistir e modificação de modelos operacionais e de negócio para emergir mais fortes e mais alinhados com as mudanças nas prioridades e nos padrões comportamentais dos consumidores pós-pandemia.

“Um dos pontos de destaque refere-se a mudanças nos hábitos dos investidores, com a possibilidade de ampliar os aportes de recursos e transferindo o papel burocrático das atividades administrativas aos gestores dos fundos de investimentos imobiliários, que ganham destaque nesse contexto”, avalia o sócio líder do setor de Real Estate da KPMG no Brasil, Eduardo Tomazelli.

Dificuldades apontadas no relatório anterior, como a necessidade de captação de recursos de longo prazo para financiamento das obras, e a gestão eficaz de liquidez e crédito, também foram observadas nesta edição. Em paralelo, novos desafios como o aumento dos custos de construção e consequentemente diminuição da margem operacional foram agora identificados.

O setor deve buscar a implementação de novos produtos que visem à facilitação do acesso ao crédito imobiliário, uma vez que o aumento da taxa de juros pode diminuir o apetite dos bancos na concessão de crédito imobiliário, impactando diretamente o segmento. Outro ponto em destaque está relacionado aos potenciais efeitos advindos da reforma tributária. As novas regras podem produzir efeitos tanto para investidores de ativos imobiliários como para as companhias do setor.

Com relação à nova realidade do setor, o relatório indica sete tópicos prioritários:

  • Modelo de Negócios – Para as empresas de incorporação, tendência de regionalização nas iniciativas de construção, em que a prioridade se torna a margem operacional em vez do volume de lançamentos. Para as empresas de gestão de ativos, capacidade de adaptação a mudanças de forma rápida. O setor buscará a revisão de parcerias e/ou implementação de novos produtos que favoreçam o acesso ao crédito imobiliário.
  • Modelo Operacional – foco em inovação, agilidade e eficiência, com forte base de dados analíticos para a tomada de decisões estratégicas. O uso de modelos preditivos será fundamental para a escolha das características dos produtos e sua estratégia de colocação.
  • Mudanças de Hábitos dos Investidores -tendência de maior oferta de ativos imobiliários como geradores de renda.
  • Estratégia Lean – aceleração da automação para obtenção de eficácia operacional e no relacionamento com clientes.
  • Colaboradores – home office e flexibilidade dos trabalhadores passará a ser o new normal.
  • Estrutura de Capital – reavaliação do grau de diversificação, incluindo a internacionalização e/ou mercado de capitais.
  • Gestão de Riscos – fortalecimento e/ou implementação da política de gestão de riscos e ESG, que permitam o enfrentamento de cenários de crises.

O estudo completo da KPMG, organização global que atua nas áreas auditoria, tributação e consultoria, está disponível no portal Secovi.