Economistas traçaram os rumos do País para os próximos meses

Nos dias 22 e 23/9, representantes do poder público, da Caixa, de empresas do setor imobiliário, de bancos, startups, economistas e especialistas em comercialização de imóveis, em novas tecnologias e meio ambiente foram responsáveis por apresentar informações de qualidade para o público do Summit Imobiliário Brasil 2022, realização do Secovi-SP e do Estadão.

No primeiro dia, o evento foi realizado em formato híbrido, com palestras na sede do Secovi -SP transmitidas simultaneamente pelas redes sociais do jornal.

Francisco Mesquita, diretor presidente do grupo Estado, deu as boas-vindas ao público, e o presidente executivo do Secovi-SP, Ely Wertheim, destacou, em seu discurso, a legislação urbana excludente da cidade. “São Paulo será conhecida como a metrópole dos excluídos se nada mudar.”

Por vídeo, o governador do Estado de São Paulo, Rodrigo Garcia, destacou a importância de eventos como o Summit, porque eles “ajudam a melhorar o ambiente de negócios para o setor”.

O secretário de Estado da Habitação, Flavio Amary, compartilhou com o público um pouco de sua experiência como agente público e detalhou as ações do programa de regularização fundiária e de reformas de moradias “Viver Melhor”.

Em seguida, Zeina Latif, economista e secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, iniciou sua palestra falando que a guerra entre a Rússia e Ucrânia trouxe benefícios para o País. “A geopolítica atual traz mais risco para a macroeconomia, assim como questões sanitárias e ambientais, mas dá novos contornos para a globalização”, explicou.

CEO do Secovi-SP, Ely Wertheim, falou da legislação
urbana

Com uma visão positiva e otimista, Zeina destacou a necessidade de definição de uma agenda de grandes reformas, e ainda enfatizou a importância da moradia como divisor de águas na economia do País. Ela conclui sua apresentação falando da importância de uma sociedade pacificada politicamente.

Circe Bonatelli, repórter especial do Estadão responsável por mediar todos os painéis do evento, apresentou provocações para Zeina e os também economistas Rafaela Vitória e Celso Petrucci.

Economista-chefe do Secovi-SP, Petrucci disse que o setor imobiliário acredita que o ano de 2023 será satisfatório para o setor, porque o ambiente econômico será mais atrativo que o atual.

Rafaela destacou o movimento inflacionário mundial, ressaltando que a inflação de bens industriais estará próxima a zero nos próximos meses. Contudo, destacou a necessidade de reduzir a taxa de desemprego. “Conviver com 9% de desemprego parece crueldade.”

No painel Rumos do Mercado e Crédito Imobiliário, Henriete Bernabé, vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, falou sobre o realinhamento das taxas de juros efetuado há pouco tempo e assegurou que a Selic de 13,7%, conforme decisão do dia anterior do Copom, do Banco Central, vai interferir minimamente no crédito imobiliário. “Não enxergo mudanças significativas para os próximos meses.”

O presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), José Ramos Rocha Neto, afirmou que a capacidade de financiamento da poupança permanece aquecida e destacou a ampliação da participação das fontes alternativas de funding no crédito imobiliário. Por sua vez, José Carlos Martins, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), destacou os reflexos indiretos da Selic no setor.

Futuro – O Summit Imobiliário Brasil 2022 tratou, ainda, da fidelização de consumidores por parte das corretoras de imóveis. Cyro Naufel, diretor da Lopes, destacou a figura do intermediador imobiliário, que não vai desaparecer, porque o brasileiro compra, em média, 1,8 imóvel na vida, com grande valor agregado. “Porém, a atuação do corretor de imóvel terá de ser diferente, usando a tecnologia para diminuir as dores do cliente”, disse.

Durante painel ESG foi mencionada o Projeto Aliança para redução de GEE

Ricardo Paixão, CEO e fundador da Iconatus, tratou dos desafios do marketplace. “Essa é uma tendência. A experiência da compra e da locação do imóvel tem de ser fluida. E isso vem com o uso de muita tecnologia e compartilhamento entre os atores do processo. O dado compartilhado dá clareza à informação”, ressaltou.

Rogério Santos, fundador da Ublink, disse que entendem “as dores” dos clientes que querem comprar e alugar um imóvel. “Existe abundância de dados, e os brasileiros garimpam essas informações. Quem compra ou aluga um imóvel, chega ao ponto de venda muito bem-informado. E o papel do corretor é estar tão bem-informado quanto esse cliente. Nós somos facilitadores, usamos a tecnologia para isso, e acreditamos na figura do corretor como facilitador do negócio.”

A agenda ESG foi detalhadamente apresentada por Luciana Arouca, diretora de Sustentabilidade da JLL, Márcia Bonilha Novo, diretora jurídica e Compliance Officer da Setin Incorporadora, Roberto Pastor Júnior, diretor técnico da Trisul, Angel Ibañez, diretor de Suprimentos e ESG da Tegra Incorporadora, e Marcela Ungaretti, sócia e Head de Research ESG da XP.

Nesse painel, os executivos da Tegra e da Setin mencionaram o lançamento, no dia 21/9, do Projeto Aliança para redução de GEE (Gases do Efeito Estufa) no setor de construção e incorporação imobiliária. Desenvolvido por Secovi-SP, ABRAINC e SindusCon-SP, esse projeto consiste, basicamente, em reunir as empresas de construção e incorporação para consolidar os indicadores de emissões de GEE do setor, dentre outras ações.

O Summit Imobiliário prosseguiu no dia 23/9. De forma exclusivamente on-line, tratou de novas formas de morar, a cidade que queremos, o crescimento do metaverso e da tokenização no mercado imobiliário.

Todos os painéis do evento podem ser conferidos na íntegra no canal do Estadão do Youtube. Confira algumas fotos.