Cristian Baptista é diretor de Locação do Secovi-SP
 e da CBRE.

Uma das principais perguntas que se faz sobre o futuro do mercado de Edifícios de Escritórios para Locação (EELs) em São Paulo é: para onde o mercado vai crescer? A resposta mais óbvia sempre foi apostar na expansão de regiões em desenvolvimento com disponibilidade de terrenos. Foi assim com a Av. Chucri Zaidan na zona sul (extensão da tradicional Av. Eng. Luis Carlos Berrini), que produziu imponentes edifícios corporativos entre 2015 e 2018, e hoje possui poucos terrenos disponíveis para viabilizar novos empreendimentos similares.

Entretanto, ações do poder público com o objetivo de direcionar investimentos no espaço urbano para uma expansão planejada da cidade, as denominadas zonas de estruturação urbana do Plano Diretor Estratégico, aprovadas em 2014 pela prefeitura, criaram núcleos de desenvolvimento nos eixos de transporte coletivo de massa. 

O Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, de 31 de julho de 2014, é uma lei municipal que orienta o desenvolvimento e o crescimento da cidade até 2030. Leis anteriores beneficiaram o desenvolvimento de regiões como Faria Lima, Água Espraiada e Água Branca como um instrumento de política urbana do Poder Público

Nesse contexto de incentivo municipal para a construção, a Avenida Rebouças beneficiada com a linha amarela do metrô, se destaca com importantes projetos em obras e aprovação. Ao longo dos quatro quilômetros de extensão da avenida, construções antigas, muitas delas casarões de outrora e prédios degradados, passam a dar lugar para empreendimentos em sua maioria de uso misto, reforçando a tendência de trabalho, residência e serviços interligados.

Uma nova Rebouças toma forma. É uma transformação massiva da principal avenida da zona oeste inaugurada em 1916 que conecta dois polos consolidados de edifícios comerciais, a Avenida Paulista e a Brigadeiro Faria Lima.

Avenida Rebouças, classificada como via arterial, caracteriza-se como um dos principais eixos rodoviários e de transporte público da cidade de São Paulo. A avenida tem seu início na Rua da Consolação, no Complexo Viário Rebouças, e estende-se até a Marginal Pinheiros. 

Os maiores empreendimentos a ganhar corpo na região são o HY Pinheiros e o OF Office. O HY está localizado na esquina da Av. Rebouças com a Rua Teçaindá. Em 4 mil m² de terreno serão erguidos 11 andares corporativos com 13.000 m² de área total e laje de 860 m². Com previsão de entrega para 2024 será uma referência de arquitetura e visibilidade. Com a construção mais adiantada, o Of Office será entregue no fim deste ano. Inspirado na experiência internacional do grupo incorporador, o edifício localizado na Av. Rebouças próximo à Rua Oscar Freire terá 8 pavimentos de 580 m² cada, com rooftop e área total de 4.800 m².

Até 2024 serão entregues outros novos projetos de edifícios de escritórios que transformarão a paisagem da região, sendo que 50% dos projetos previstos estão localizados ao longo do eixo principal da avenida e outros 50% em seu entorno.

Outro destaque é o projeto misto JLF Rebouças com 27.900 m² de área construída entre Av. Rebouças, 3084 e a Rua Henrique Monteiro. O edifício corporativo de 4.000 m² e lajes de 800 m² estará pronto no primeiro semestre de 2022.

A difícil tarefa das incorporadoras para compor terrenos amplos e regulares em uma região já bastante adensada, estabeleceu um perfil de projetos similares com viés de ocupação para única empresa, com áreas totais entre 2 e 8 mil m² e lajes entre 500 e 1.000 m². 

No trecho mais arborizado da avenida, próximo à Faria Lima, encontra-se o edifício OPI-6. Com 2.700 m² de área locável o projeto reforça o conceito de exclusividade e ocupação monousuária.

A qualidade desses empreendimentos criará um polo de atração de inquilinos em um trecho consolidado da cidade, porém relativamente pequeno. Os projetos mais bem resolvidos em relação a arquitetura, operação e estratégia de comercialização devem se destacar. 

Empresas que precisam manter presença nessa localização da cidade, com generosa infraestrutura de serviços e transporte, se candidatam a ocupar maior parcela desses edifícios. Os setores de tecnologia, e-commerce e saúde, que no primeiro semestre de 2021 absorveram mais de 30.000 m² na região, são exemplos. 

São as intervenções urbanísticas do poder público transformando a dinâmica do setor imobiliário no maior mercado de escritórios da américa latina. 

Cristian Baptista é diretor de Locação da vice-presidência de Gestão Patrimonial e Locação do Secovi-SP e da CBRE.