Mercado de escritórios: desaceleração começou
em abril, dependendo do ramo da empresa.

Em Live Secovi-SP realizada na quarta-feira (13/5), especialistas falaram sobre os efeitos da pandemia no mercado corporativo.

Cristian Baptista, diretor da vice-presidência de Gestão Patrimonial e Locação do Secovi-SP e da CBRE, apresentou dados positivos do 1º trimestre deste ano, que apontavam para uma recuperação do mercado paulistano de escritórios comerciais, com redução da taxa de vacância e aumento de preços de locação em algumas regiões da cidade de São Paulo, somada à queda da taxa básica de juros Selic.

“A desaceleração começou em abril, mas depende muito ramo de atuação de cada empresa”, informou o executivo.

Hilton Rejman, vice-presidente sênior da Brookfield Property Group Brazil, disse que “algumas empresas foram fortemente afetadas, mas outras, nem tanto.” Segundo ele, “tem empresas buscando até mais espaços corporativos para locação”, afirmou, revelando que o impacto na carteira de clientes da Brookfield foi mínimo.

Rejman informou ainda que a empresa recebeu alguns pedidos de renegociação da aluguel, mas a análise tem sido criteriosa.

Negociação – De acordo com o vice-presidente de Gestão Patrimonial e Locação do Secovi-SP, Adriano Sartori, que fez a mediação do encontro on-line, pesquisas realizadas com empresas deste segmento mostraram que entre 5% e 8% dos inquilinos corporativos têm buscado negociações. A margem de êxito, segundo ele, está em torno de 70%. Fernando Crestana, diretor da área de Fundos de Investimentos Imobiliários do Secovi-SP e sócio do BTG Pactual, destacou a importância de entender a necessidade do inquilino e avaliar caso a caso os pedidos de flexibilização.

Renato Fusaro, presidente da CoreNet Brazil e diretor de Real Estate & Storage Latam da Cargill, apresentou a visão de inquilino. “A Cargill tem cerca de 10 mil funcionários trabalhando nos nossos escritórios na América Latina e 90% deles agora estão em home office”, contou Fusaro, informando que a empresa não está solicitando negociação dos alugueis.

Fernando Crestana disse que houve um movimento de saída de cotistas dos fundos de investimentos imobiliários por liquidez. “As pessoas estão vendendo cotas porque precisam de caixa para fazer seus pagamentos”, alegou, afirmando que, mesmo assim, o ativo ainda não foi muito impactado, “a menos que haja um aprofundamento da crise.” Crestana também ponderou que com o cenário de queda da taxa SELIC, os FIIs tornaram-se extremamente atrativos aos investidores e acredita no contínuo crescimento deste mercado. 

Novos produtos – Hilton Rejman, vice-presidente sênior da Brookfield Property Group Brazil, acredita que haverá um crescimento da tipologia de uso misto. “Já temos visto vários projetos se abrindo para outros usos, como restaurantes, etc., com usos diferenciados e ambientes internos ‘mais vivos’”, adicionou Adriano Sartori.

Consenso entre os participantes do encontro, a necessidade de mudanças no layout dos espaços internos vai requerer cautela no pós-pandemia. Distanciamento maior entre os colaboradores e implantação de medidas de controle para evitar a contaminação foram destacadas por eles, como por exemplo, restrição da quantidade de usuários dos elevadores, proteção de acrílico na recepção, uso de máscara e medição de temperatura dos usuários, entre outras providências que, segundo Rejman, a empresa terá de alinhar com os inquilinos.

“O retorno aos escritórios será gradativo e a empresas precisam se preparar para isso”, completou Renato Fusaro.

Assista a Live.