A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) acelerou a transformação digital que já estava em curso no mercado imobiliário. A digitalização desencadeou uma nova relação do consumidor com as empresas do segmento e, a partir disso, tornou-se necessário entender o cliente em cada etapa da jornada de compra e venda de um imóvel.

O comprador já chega à imobiliária mais decidido em relação ao imóvel desejado e a boa utilização das ferramentas disponíveis, pode ser a diferença entre fechar ou não o negócio. A realidade virtual, que permite visitas até em casas e apartamentos que ainda não foram construídos, e o atendimento virtual, por meio do chatbot, que promove agilidade no primeiro contato com a empresa, são apenas dois exemplos de como a tecnologia é capaz de oferecer soluções inteligentes e seguras e, com isso, promover o melhor aproveitamento do tempo, algo valioso nos dias atuais.

Em agosto, durante painel da Convenção Secovi, um dos principais eventos do setor, discutiu-se a forma como a tecnologia tem impulsionado as transações de compra e venda de imóveis. Executivos de algumas das maiores empresas do País destacaram que o uso mais intensivo de determinadas ferramentas – como  web conferências, assinaturas digitais e tour virtual em imóveis – foi resultado de uma demanda consistente dos clientes. E, a partir dessa nova experiência – tanto para consumidores quanto para corretores – que enxergaram a necessidade de estar preparados para essa nova fase -, o mercado sai mais valorizado dessa crise provocada pela pandemia.

Para o diretor regional do Secovi em Bauru, Riad Elia Said, esse período trouxe um imenso aprendizado, além de muitas mudanças comportamentais, inclusive no mercado imobiliário, que tornarão o relacionamento com o público-alvo bem mais virtual do que era anteriormente. “Novas ferramentas de trabalho, tecnologias, realidade virtual e outros recursos foram incorporados à rotina, enquanto muitos clientes que nunca tinham feito compras on-line também tiveram de se adaptar à nova realidade. No que compete às empresas do ramo, a experiência nos mostrou que temos de buscar maneiras mais práticas de exercer a nossa profissão e estruturar o negócio para enfrentarmos esse novo momento do mercado”, analisa.

Executivos também falaram sobre diferenças entre os mercados brasileiro e 
norte-americano

Como a tecnologia tem impulsionado transações de compra e venda de imóveis foi o tema do último painel do primeiro dia da Convenção Secovi 2020. Participaram dos debates, os CEOs John Peyton, da Realogy; Alvaro Coelho da Fonseca, da Coelho da Fonseca; Claudio Hermolin, da Brasil Brokers; Marcos Lopes, da Lopes; e Gonzalo Fernández, da Fernandez Mera Negócios Imobiliários.

Os executivos destacaram que, com a pandemia, várias tecnologias que já estavam disponíveis, mas não eram tão utilizadas, acabaram ganhando espaço no dia a dia das empresas. “Não vimos nenhuma ferramenta inovadora para o mercado surgir nesse período. Todas as que usamos hoje para exercermos nosso negócio já eram utilizadas”, disse Claudio Hermolin, que também é vice-presidente de Intermediação Imobiliária e Marketing do Secovi-SP.

Para ele, o uso mais intensivo dessas ferramentas – como aquelas de web conferências, de assinaturas digitais e de tour virtual em imóveis – foi resultado de uma demanda consistente dos clientes. “Uma hora ou outra, seja no início, no meio ou no fim da jornada da compra e da venda, o cliente acaba passando pelo digital, e os corretores precisam estar preparados para isso. Acho bom, pois nosso mercado sai mais valorizado dessa crise.”

Alvaro Coelho da Fonseca pontuou que essas ferramentas possibilitaram que as empresas continuassem fazendo negócios mesmo com distanciamento social. “Isso tudo veio para ficar. Mas não acredito que os negócios passarão a ser fechados 100% on-line. Nossa atividade requer o olho no olho, a presença humana do corretor.”

“Hoje, temos cerca de 200 startups que ajudam as imobiliárias em todo o processo de venda. É impressionante o número de empresas novas que vemos surgir no mercado oferecendo soluções para as imobiliárias”, afirmou Gonzalo.

O “espírito de herói” do corretor brasileiro foi ressaltado por Marcos Lopes. Fazendo uma comparação com o mercado norte-americano – onde o sistema de MLS (espécie de lista consolidada de imóveis em oferta e compartilhada entre os corretores para o trabalho com exclusividade) e regras bem definidas por estados organizam o trabalho dos profissionais de intermediação –, o executivo ressaltou que, apesar das dificuldades no Brasil, os corretores conseguem fechar negócios.

John Peyton, da Realogy, disse que, nos Estados Unidos, aumentaram as buscas por casas com espaço para home office. Acerca do uso de escritórios no país, ele disse acreditar que, com a pandemia, esses lugares serão utilizados com “propósitos específicos”, pois a maior parte do tempo as pessoas ficarão trabalhando em casa.

A Convenção Secovi 2020 é uma realização do Secovi-SP e da Fiabci-Brasil, e conta com o apoio institucional da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). Patrocínio: Atlas Schindler, Grupo Souza Lima, Porto Seguro, SegImob, Abrainc, Caixa, Cashme, Crowe, Gerdau, Kzas, Locomotiva, Mapfre, OLX, Realogy e Senior Mega. Agente social apoiado: Ampliar.